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A história política da Paraíba é rica no surgimento de camaleões políticos. Aqueles agentes públicos que, a depender do cenário, mudam discurso, engolem críticas feitas aos adversários, relativizam posicionamentos.
O objetivo principal dessas transformações é se adaptar à conjuntura política e às conveniências pessoais ou de grupo para fechar alianças pragmáticas.
Em outras palavras, união para ganhar uma eleição, conquistar um mandato.
O mais novo camelão é Nilvan Ferreira (Republicanos). No caso dele, é emblemático porque o hiato entre os ataques ao governador João Azevêdo (PSB) e os elogios à gestão foi de menos de dois anos.
Nilvan chamou o governador de “João do imposto”, disse que o gestor foi eleito com dinheiro roubado da saúde; afirmou nunca abandonar as “teses” da direita bolsonarista.
Mas o bolsonarismo o abandonou e ele teve que migrar para Santa Rita. Lá, o conservadorismo de momento, não era tão necessário.
Nilvan, consciente da necessidade de alianças, entregou-se ao fisiologismo político. Imperou a velha máxima de que os fins justificam os meios.
Recebendo apoios, vê a perspectiva de poder. Quem na política o julgará? Ninguém. Basta saber como o eleitor vai digerir.
Mas, a história já provou que esse mesmo eleitor também pode ser um camaleão, a depender dos interesses.
No Republicanos de Hugo Mota, o comunicador se aproximou do ex-adversário, “a carne foi amaciando”, o desenho do futuro político mudou de espectro e ele foi junto.
Com uma frase buscou “apagar” o que a memória da internet vai manter: “2022 ficou em 2022”.
Passando por cima das palavras duras e ferinas que valorizou naquela eleição, escreve uma nova caminhada, com um partido forte e que passeia entre vários campos.
Nilvan se aproxima de um governador de esquerda e pode até anunciar apoio a outro adversário do passado, em João Pessoa, nos próximos dias.
Para ele, a matemática é simples: entregou tudo à direita, não teve reciprocidade, e foi em outro lugar que encontrou o relevo perfeito para atingir seu objetivo: ser prefeito.
Mais um vez: quem jogará a primeira pedra na política?
Os maiores atores do estado não poderão fazer isso. Já são simbólicas, por exemplo, alianças de Maranhão e Ricardo, Cássio e Ricardo, Cássio e Maranhão, Bruno e Veneziano, Ricardo e Cartaxo, Ruy Carneiro e Cícero e os Ribeiros que são de todo mundo e não são de ninguém. Só para ficar na história recente.
Não acredito que devemos naturalizar esses movimentos. Mas a recorrência dessa prática gerou tolerância e talvez uma dormência no eleitor.