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Sábado passado, 28 de setembro de 2024, fez 100 anos do nascimento de Marcello Mastroianni. O italiano foi um dos maiores atores de cinema do século XX.
Antes de ficar famoso fazendo filmes, Marcello Mastroianni fez teatro. No palco, foi de William Shakespeare a Tennessee Williams.
Foi logo notado por Luchino Visconti, homem dos palcos e das telas, que viu nele talento e beleza. Sob Visconti, Mastroianni fez Noites Brancas, em 1957.
Não só Luchino Visconti. Mastroianni já havia sido dirigido por Dino Risi, Mario Monicelli e Jules Dassin quando, em 1960, finalmente conheceu o sucesso mundial.
O reconhecimento internacional veio com A Doce Vida. Sob Federico Fellini, Marcello Mastroianni é Marcello Rubini, um jornalista que vaga pelas noites de Roma e entra na Fontana di Trevi com a atriz sueca Anita Ekberg.
A Doce Vida é um dos maiores filmes do mundo em qualquer tempo e um dos marcos do cinema da década de 1960.
Em 1963, Mastroianni voltou a Fellini em Oito e Meio, outro momento extraordinário da trajetória dos dois – Marcello e Federico.
Entre A Doce Vida e Oito e Meio, Marcello Mastroianni está em O Belo Antônio (1960), de Mauro Bolognini, A Noite (1961), de Michelangelo Antonioni, e Vida Privada (1962), de Louis Malle.
A Noite faz parte da trilogia da incomunicabilidade de Antonioni. Em Vida Privada, ele divide o protagonismo com Brigitte Bardot. Os Companheiros (1963), de Mario Monicelli, traz Mastroianni no papel de um professor comunista.
Marcello Mastroianni e Sophia Loren estiveram juntos em duas comédias dirigidas pelo mestre neorrealista Vittorio De Sica: Ontem, Hoje e Amanhã, de 1963, e Matrimônio à Italiana, de 1964.
Mastroianni e Loren voltaram a De Sica no melodrama Os Girassóis da Rússia, de 1970. E, com Ettore Scola, em 1977, fizeram Um Dia Muito Especial.
Em Um Dia Muito Especial, Mastroianni é um radialista homossexual, e Loren, uma dona de casa. Ele e ela cruzam seus destinos e suas solidões no dia em que Mussolini recebe Hitler em Roma, em 1938.
Em 1973, a ditadura brasileira proibiu a exibição de A Comilança, de Marco Ferreri, liberado em 1979 quando os ventos da abertura política começaram a soprar.
Esposamante, de Marco Vicario, é de 1976. Mastroianni contracena com Laura Antonelli. Esposamante foi saudado como um filme feminista.
Marcello Mastroianni retornou a Federico Fellini em Cidade das Mulheres, de 1980. Fizeram outras parcerias: em Ginger e Fred (1985) e em Entrevista (1987).
Em 1983, Mastroianni veio ao Brasil filmar Gabriela, Cravo e Canela. Dirigido por Bruno Barreto nessa adaptação do romance de Jorge Amado, fez o turco Nacib e contracenou com Sônia Braga, que já vivera Gabriela na novela da Globo. Tom Jobim fez a música.
Esplendor (1989), de Ettore Scola, é um filme pouco lembrado entre os muitos protagonizados por Marcello Mastroianni. Fala sobre o amor ao cinema num momento em que disputou (e perdeu) com Cinema Paradiso a atenção do público pelo tema.
Há outra colaboração admirável entre Ettore Scola e Marcello Mastroianni, e ela se chama Casanova e a Revolução, de 1982. Mastroianni é Casanova.
Marcello Mastroianni se despediu do cinema em 1996. Fez Viagem ao Princípio do Mundo, dirigido pelo cineasta português Manoel de Oliveira. Já estava com o câncer no pâncreas que o matou em dezembro daquele ano.
Marcello Mastroianni filmou muito e foi grande por seu talento, por sua beleza e por ter protagonizado alguns dos filmes mais importantes do seu tempo. Celebrar sua memória é o mesmo que celebrar o cinema.