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Zé Ramalho faz 75 anos

CBN Paraíba

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Foto/Leo Aversa/Divulgação.

Zé Ramalho faz 75 anos nesta quinta-feira, três de outubro de 2024. Se partirmos do seu primeiro álbum autoral, agora em 2024 o compositor paraibano nascido em Brejo do Cruz comemora 46 anos de carreira.  

O primeiro disco autoral – Zé Ramalho, que abre com Avôhai – é de 1978, mas Zé Ramalho já estava na estrada há pelo menos uma década. 

No final da década de 1960, morando em João Pessoa, foi guitarrista do conjunto Os Quatro Loucos. Também tocou no grupo The Gentlemen.

No início dos anos 1970, ainda em João Pessoa, despontava como compositor de repertório autoral. O show Atlântida é de 1974. 

A ligação com músicos pernambucanos rendeu duas parcerias importantes: sua presença na banda da turnê Vou Danado Pra Catende, de Alceu Valença, e a gravação, com Lula Cortes, do álbum duplo Paêbirú.    

Avôhai, um dos clássicos do seu repertório, nasceu numa viagem entre o Recife e João Pessoa. Reza a lenda que Zé Ramalho ingeriu uma substância alucinógena e “recebeu” letra e música prontas. 

Avôhai é uma palavra mágica, mistura de avô com pai. Órfão de pai na infância, Zé Ramalho foi criado pelo avô paterno. Era o avôhai.

A música foi apresentada pela primeira vez pelo autor na Coletiva de Música da Paraíba, no Teatro Santa Roza, em 1976. Segue como um dos pontos altos do seu cancioneiro.

Avôhai abre o álbum de estreia em 1978. Quem faz o teclado é o músico suiço Patrick Moraz. Ele foi integrante do Yes, e são de Moraz os sons do disco Relayer, um dos mais festejados da banda inglesa de rock progressivo.     

Vila do Sossego e Chão de Giz também estão no álbum de 1978. Atravessaram intactas todo esse tempo que nos separa do momento em que foram gravadas e são números obrigatórios nos shows do compositor. 

Se Avôhai segue como um dos pontos máximos do que Zé Ramalho compôs, o mesmo pode ser dito de Admrável Gado Novo.

Admirável Gado Novo é do álbum A Peleja do Diabo com o Dono do Céu, de 1979. Na capa, o compositor aparece ao lado do cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão. 

Frevo Mulher é desse disco, mas fez sucesso mesmo na voz de Amelinha, cantora cearense com quem Zé foi casado. A sanfona é de Dominguinhos. 

Depois veio A Terceira Lâmina, de 1981. Juntos, os três álbuns (o de 1978, o de 1979 e o de 1981) são a melhor síntese da música original e enigmática de Zé Ramalho.

A Antologia Acústica, disco duplo que, em 1997, celebrou os 20 anos de carreira, também é fidelíssima fotografia de Zé Ramalho. 

Na Antologia Acústica, Zé acerta onde muitos erram: a regravação de músicas que se tornaram clássicas em seus registros originais.  

A música de Zé Ramalho tem o Nordeste dos violeiros, de Luiz Gonzaga e de Jackson do Pandeiro, tem a jovem guarda de Roberto Carlos (para quem compôs Eternas Ondas) e o rock dos Beatles e de Bob Dylan. 

De Dylan, trouxe para o português Knockin’ on Heaven’s Door e Hurricane. Ao bardo judeu de Minnesota, em 2008 dedicou um álbum inteiro: Zé Ramalho Canta Bob Dylan

Zé Ramalho tem uma assinatura inconfundível. No modo de cantar, nas melodias que compõe, nas letras que escreve.

Essa assinatura é tão forte que, quando grava uma canção não autoral, como a versão de Entre a Serpente e a Estrela (Amarillo by Morning, vertida para o português por Aldir Blanc), faz parecer que a música é sua. 

Ze Ramalho faz parte do grupo de artistas que renovaram a música do Nordeste na segunda metade da década de 1970.

Com sua música, conquistou e manteve um público fiel e chega aos 75 anos com uma verdadeira legião de fãs.     

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