Jô Oliveira, vereadora mais votada de Campina Grande
Os resultados extraídos das urnas nas duas maiores cidades paraibanas permitem uma constatação: Campina Grande continua mais progressista que João Pessoa. Isso depois de ter sido considerada, em 2018, como uma ‘ilha do bolsonarismo’ no Nordeste.
A cidade reelegeu ontem, como mais votada, uma vereadora do PC do B, Jô Oliveira. Os mais de cinco mil votos obtidos por ela são simbólicos.
Mulher preta, sem sobrenome tradicional na política, e com uma pauta bem definida e voltada para minorias em seu primeiro mandato, ela tem mantido um capital político em alta nos últimos anos. Por pouco, inclusive, não foi eleita deputada estadual em 2022 com votação em Campina.
Mas não é somente isso.
Na eleição de 2020, por exemplo, a cidade já tinha verificado uma ampliação da votação de partidos de esquerda. Na disputa majoritária de 2016 o candidato do PSOL obteve 2.902 votos. Em 2020, Olímpio Rocha, saltou para 5.241 votos. Já Inácio Falcão, do PC do B, recebeu mais de 33 mil votos.
Este ano, Falcão viu reduzidos os seus votos. Obteve apenas 16,4 mil votos, mas assistiu a um candidato do PSB, Jhony Bezerra, também de centro-esquerda, chegar a quase 80 mil votos. Além disso, os candidatos do PDT e PSOL foram os escolhidos por mais de 6,7 mil campinenses.
E essa tendência foi mantida em 2022, quando Lula (PT) venceu Bolsonaro(PL) em Campina nos dois turnos com percentuais mais elásticos que os verificados em João Pessoa.
Distante 120 quilômetros, o eleitorado de João Pessoa caminha para escolher entre um candidato de centro-direita, ou um de direita, para administrar a cidade pelos próximos quatro anos.
Terão que optar por reeleger o prefeito Cícero Lucena (PP) ou Marcelo Queiroga, do PL.
Os candidatos de partidos de esquerda, na Capital, Luciano Cartaxo (PT), Yuri Ezequiel (UP) e Camilo Duarte (PCO), juntos não chegaram a 52 mil votos.
Além disso, das 29 cadeiras do Legislativo municipal somente 5 serão ocupadas por partidos de esquerda (PSB, PT e PV).
As razões para isso podem ser muitas. Desde o descrédito com antigas lideranças da esquerda pessoense, envolvidas em escândalos recentes, até a articulação mais eficaz de grupos organizados pró-direita.
A cidade, que saiu das urnas do segundo turno de 2022 dividida entre Bolsonaro e Lula, segue mais conservadora em suas escolhas que Campina Grande.