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Paul Simon fez 83 anos neste domingo, 13 de outubro de 2024. Recentemente, ele gravou uma faixa do álbum de Milton Nascimento com Esperanza Spalding, mas enfrenta uma perda de audição que o impede de fazer shows ao vivo.
Judeu de origem húngara nascido em Nova Jersey, Paul Simon começou a se projetar na escola fazendo dupla com um garoto da sua idade, judeu como ele, chamado Art Garfunkel. A dupla era Tom e Jerry. Mais tarde, Simon e Garfunkel.
Simon e Garfunkel se miraram na música folk, e o modelo deles era uma dupla de sucesso na música americana, os Everly Brothers. Simon e Garfunkel cantavam, afinadíssimos e com belas vozes, mas somente Simon compunha as músicas.
Simon e Garfunkel fizeram muito sucesso na segunda metade da década de 1960. The Sound of Silence, Mrs. Robinson, America, Homeward Bound, The Boxer, Bridge Over Troubled Water – essas canções vendiam discos e tocavam no rádio.
The Sound of Silence foi gravada originalmente com duas vozes e um violão. Só fez sucesso mais tarde quando um produtor da Columbia acrescentou guitarra, baixo e bateria. Está na trilha do filme A Primeira Noite de um Homem, de 1967.
Desde cedo, Paul Simon se revelou um melodista muito inspirado e um bom letrista. Não era um grande cantor, mas tinha a voz doce e suingada. Art Garfunkel, seu parceiro, era melhor cantor, mas não compunha. Havia química na dupla.
Simon e Garfunkel trabalharam com Mike Nichols na trilha de A Primeira Noite de um Homem. Depois, Garfunkel foi ator, sob Nichols, em Ardil 22 (1970) e Ânsia de Amar (1971). A dupla se desfez após o álbum Bridge Over Troubled Water, de 1970.
Como autor, no seu tempo, Paul Simon é um dos grandes nomes da canção popular dos Estados Unidos. Não gravou tantos discos autorais, mas é dono de um cancioneiro invejável que se incorporou ao que já havia feito na época da dupla com Garfunkel.
Interessado na música do mundo, tocou com os brasileiros Airto Moreira e Sivuca, fez parceria com os peruanos do grupo Urubamba, frequentou as paradas cantando o reggae Mother and Child Reunion quando o ritmo jamaicano não era um fenômeno mundial.
Debruçado sobre as raízes da música dos Estados Unidos, foi do folk dos brancos ao blues dos pretos. Mergulhou no gospel ao dividir o palco com o grupo The Jessy Dixon Singers no incrível disco ao vivo Paul Simon in Concert: Live Rhymin’, de 1974.
Seu álbum de estúdio Still Crazy After All These Years, de 1975, traz um melodista consistente e maduro. Confessional, a bela canção que dá título ao disco é um clássico do seu repertório autoral. Ainda louco depois de todos esses anos.
Em 1986, Paul Simon foi ousado, corajoso e muito criticado ao romper o bloqueio cultural imposto ao regime racista de minoria branca da África do Sul. Com músicos sul-africanos, gravou Graceland, um dos seus discos mais festejados.
Depois da África do Sul, o Brasil. Com músicos brasileiros, gravou The Rhythm of the Saints. O Olodum, que está na faixa de abertura The Obvious Child, se incorporou à banda de Simon num concerto que reuniu 750 mil pessoas em Nova York.
A experiência na África do Sul e no Brasil mexeu com o jeito de compor de Paul Simon. Ele não abriu mão das melodias, mas a estas houve uma certa sobreposição dos ritmos. Talvez seja possível dizer que a força rítmica empobreceu a beleza melódica.
Paul Simon tem gravado pouco. Seu último álbum se chama 7 Psalms. Acústico, tem uma única faixa dividida em sete partes. Deve ser ouvido sem interrupções. Tem um caráter religioso, fala da vida e da morte. Somente um homem velho faria um disco assim.