Foto/Divulgação.
Paul McCartney está de volta ao Brasil. O músico se apresenta nesta terça (15) e nesta quarta-feira (16) em São Paulo e no sábado (19) estará em Florianópolis. Paul faz a turnê Got Back pela América do Sul.
De 1990 a 2023, Paul McCartney esteve 10 vezes no Brasil. Serão 11 com os shows de agora. Já passou por 12 cidades brasileiras com oito das suas turnês mundiais.
Em 37 shows, Paul McCartney esteve no Brasil com as seguintes turnês: The Paul McCartney World Tour (1990), The New World Tour (1993), Up and Coming (2010, 2011), On The Run (2012), Out There (2013, 2014), One To One (2017), Fresh and Up (2019) e, por fim, Got Back (2023).
Paul McCartney já fez seu show no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Florianópolis, Belo Horizonte, Goiânia, Fortaleza, Vitória, Brasília e Salvador.
Na primeira vez, em abril de 1990, em duas noites no Maracanã, estava a dois meses de fazer 48 anos. Agora em 2024, está com 82 anos completados no dia 18 de junho.
Nos shows de 1990 e 1993, ainda tinha Linda McCartney ao seu lado, fazendo teclados e vocais. Trocou apenas o baterista de uma turnê para a outra. O guitarrista principal era o ex-Pretender Robbie McIntosh.
Nos shows que fez entre nós a partir de 2010, foi acompanhado sempre pela mesma banda. É o grupo com o qual trabalha desde o início dos anos 2000.
O multi-instrumentista Wix Wickens (teclados, etc.) é o único remanescente da banda de 1990 e 1993. É uma espécie de diretor musical do show. Rusty Anderson e Brian Ray fazem as guitarras. E Abe Laboriel Jr. é o baterista.
Paul McCartney costuma fazer longos shows. Incansável e generoso com a audiência, passa quase três horas no palco e apresenta um set list com mais de 30 canções.
A fórmula é infalível. Paul alterna grandes sucessos dos Beatles com hits da sua carreira solo. Não há grandes surpresas de uma turnê para a outra. Nem precisa.
Nos shows da atual turnê, ele tem feito a abertura com A Hard Day’s Night ou Can’t Buy Me Love, duas músicas que os Beatles gravaram em 1964 e que estão em A Hard Day’s Night, o primeiro filme do grupo.
O encerramento é quase sempre com o medley final do álbum Abbey Road, de 1969. Tem a irresistível exibição das três guitarras, reproduzindo o que John, Paul e George fizeram na gravação original dos Beatles, e tem o verso do “amor que você dá” e do “amor que você recebe” na letra de The End. Nada mais apropriado.
O repertório da turnê Got Back ganhou uma novidade: Now and Then. É uma música inédita que os Beatles lançaram num single em 2023 e que foi anunciada, de uma vez por todas, como a última canção dos Beatles.
Paul McCartney é um dos grandes compositores de música popular da segunda metade do século XX. Vê-lo ao vivo é uma alegria e um privilégio.
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Segue algo que escrevi sobre a experiência de ver Paul McCartney ao vivo. O texto é de 2017 e foi postado numa de suas vindas ao Brasil.
Foto/Reprodução.
Vi Paul McCartney ao vivo pela primeira vez em abril de 1990, em duas noites no Maracanã. Também era a primeira vez dele no Brasil. Estava às vésperas de completar 48 anos e corria o mundo numa excursão em que resgatava muitas canções dos Beatles, como ainda não havia feito depois da dissolução do quarteto.
O tempo passava, e o músico começava a sentir saudade da juventude. O longo vídeo que abria o show tinha a assinatura de Richard Lester, o cineasta que levara os Beatles ao cinema em A Hard Day’s Night e Help!. E seria dele o documentário (Get Back) com o registro da turnê. O set list ia do rock (novíssimo) Figure of Eight ao medley final do Abbey Road.
Voltei a ver Macca ao vivo em dezembro de 1993, no Pacaembu, em São Paulo. O lugar era menor e dava ao público a sensação de estar num show um pouco mais intimista. O longo set acústico reforçava a ideia. Era resultado do unplugged que o artista gravara para a MTV. Ele e a banda se juntavam num pequeno espaço, no meio do palco, e faziam vários números com violões e um pouco de percussão.
Músicas novas, canções dos Beatles, clássicos da primeira geração do rock, soul music – Paul oferecia ao público um espetáculo que parecia ainda mais eficiente do que o da excursão anterior. E difundia, no vídeo de abertura, sua luta em defesa dos animais e do meio ambiente.
A doença e a morte de Linda McCartney tiraram o marido da estrada. O retorno coincidiu com a virada do século. Primeiro, com uma banda de garagem num pocket show no Cavern Club, em Liverpool. Puro rock’n’ roll. Um homem no limiar da velhice experimentava uma volta aos territórios da adolescência.
Depois, em longas turnês semelhantes àquelas que haviam passado pelo Brasil em 1990 e 1993. Só que melhores. Tudo se aprimorara: o som, a luz, os músicos. E a ação do tempo ajudava. Paul já tinha idade suficiente para ver as coisas de longe. Como seu público. O resultado era muito mais tocante. Os fãs que o seguiam há décadas incorporavam filhos e netos à plateia.
No mercado, há vários registros disponíveis das turnês de Paul McCartney na primeira década do século XXI. Não só nos Estados Unidos ou na Inglaterra. Também na Rússia, onde, com a derrocada do comunismo, ele pôde, afinal, cantar. E, com o presidente Putin no meio do público, fazer a Praça Vermelha tremer ao som de Back in the U.S.S.R., o rock outrora banido.
Seus shows se consolidaram como extraordinárias celebrações de música, alegria e (para os mais velhos) saudade. Performances impecáveis nas quais Sir Paul não frustra ninguém. Passa três horas em cima do palco apresentando um repertório sem similar no universo da música pop. Com a vitalidade de um jovem roqueiro.
Em 2010, vi McCartney mais uma vez ao vivo em duas noites no Morumbi. Dois anos depois, no Recife. Vi pensando naquele vento abstrato e belo que os Beatles representaram na década de 1960.
Testemunhar essas coisas após os 50 é certamente melhor, mas um pouco melancólico. Porque remete ao tempo que passou. Uma balada ingênua como All My Loving agora evoca uma época. Um hino pacifista como Give Peace a Chance traz a lembrança de John Lennon e dos sonhos de uma geração.