Foto/Arquivo.
Nesta quarta-feira, 20 de novembro de 2024, fez 20 anos da morte de Celso Furtado. Ele morreu no Rio de Janeiro aos 84 anos. Nesse post, lembro do encontro do economista paraibano com Jean-Paul Sartre.
A Sudene, com sede no Recife, foi criada em 1959 durante o governo de Juscelino Kubitschek. O economista Celso Furtado foi seu primeiro superintendente, no tempo em que lançou Formação Econômica doBrasil, hoje, um dos livros fundamentais aos que desejam entender o país.
Um dia, lendo os jornais no seu gabinete, Celso Furtado descobriu que Jean-Paul Sartre, o filósofo existencialista francês, estava no Recife e faria uma conferência horas mais tarde. No fim do expediente, ele dispensou seu motorista e, dirigindo uma pick up da Sudene, foi assistir à palestra.
Foto/Reprodução.
O evento fora mal organizado. Sartre, que não falava português, não tinha, ao menos, um intérprete. Quem fez as vezes foi Celso Furtado. Ao final, verificou-se que também não havia um carro à disposição do palestrante.
De intérprete a motorista, o professor Celso botou Sartre na pick up da Sudene e o levou ao hotel, mostrando antes um pouco do Recife ao ilustríssimo visitante.
Em 1989, ouvi essa história do próprio Celso Furtado depois de entrevistá-lo, junto com Otinaldo Lourenço, para o programa A Palavra É Sua, da TV Cabo Branco.
Ela também está nas memórias do economista – um volume da Companhia Das Letras que reúne os livros A Fantasia Organizada, A Fantasia Desfeita e Os Ares do Mundo.
Esse volume de memórias é importantíssimo para os que, leigos em economia, queiram conhecer um pouco do pensamento de Celso Furtado.
Nascido em Pombal em 16 de julho de 1920, Celso Furtado foi muito mais do que um economista. Ou um notável professor que deu aulas em universidades do exterior depois de cassado e exilado pelos militares que depuseram João Goulart em 1964.
Celso Furtado foi um intelectual brilhante que pensou o Brasil. Um homem permanentemente preocupado com os destinos do Brasil e, em particular, com o desenvolvimento do Nordeste.
Na volta do exílio, com sua presença à frente da pasta, qualificou o Ministério da Cultura do presidente José Sarney, mas a verdade é que o governo da chamada Nova República não o quis na área econômica.
Celso Furtado foi um grande paraibano. Celso Furtado foi um imenso brasileiro.