Sem categoria

Proposta de corte de gastos do governo limita reajuste do salário mínimo: entenda as mudanças

CBN Paraíba

CBN Paraíba

CBN Paraíba

Foto: Divulgação.

O Governo Federal apresentou, na quarta-feira (27), uma proposta de revisão no reajuste do salário mínimo, com o objetivo de alinhar os aumentos à nova regra do arcabouço fiscal. Pela proposta, o ganho real – ou seja, o aumento acima da inflação – seria limitado a 2,5% ao ano. Na prática, isso significa que o salário mínimo terá reajustes menores do que os previstos pela regra atual.

O novo modelo ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional. Caso seja validado, o salário mínimo, atualmente em R$ 1.412, passaria para R$ 1.515 em 2025, considerando a inflação e o teto de 2,5% de aumento real.

Regras atuais e proposta de mudança

Atualmente, o reajuste do salário mínimo é calculado com base em dois indicadores:

A inflação acumulada em 12 meses até novembro, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que deve ficar em 4,66% neste ano;O crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores. Para 2025, aplica-se o crescimento do PIB de 2023, que foi de 2,9%.

Com essa fórmula, o salário mínimo cresceria mais de 7% em 2025, resultando em um aumento mais expressivo. No entanto, o governo argumenta que esse modelo tem pressionado as contas públicas, principalmente porque despesas atreladas ao salário mínimo, como aposentadorias, pensões e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), acompanham esses reajustes, inclusive as pessoas que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC), de natureza assistencial, deixarão de receber R$ 6 no salário do mês e também no décimo terceiro (quem tem direito), em 2025.

Com a nova proposta para o salário mínimo, o governo deixará de pagar em aposentadorias e benefícios sociais cerca de R$ 2 bilhões em 2025. Isso porque, de acordo com cálculos do governo, a cada R$ 1 de aumento do salário mínimo cria-se uma despesa de aproximadamente R$ 392 milhões.

De acordo com nota técnica divulgada em dezembro do ano passado, e atualizada em janeiro de 2024 pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo serve de referência para 59,3 milhões de pessoas no Brasil.

Sob as novas regras, o salário mínimo continuará tendo aumento real, mas com limites. Mesmo em cenários de retração econômica, o piso nacional terá um ganho mínimo de 0,6% acima da inflação, enquanto o teto será de 2,5% em anos de forte crescimento do PIB.

Impacto fiscal e justificativa

A medida faz parte do esforço do governo para cumprir o arcabouço fiscal, que estabelece limites para o crescimento das despesas públicas. Segundo as novas regras, os gastos do governo podem crescer entre 0,6% e 2,5% acima da receita líquida do ano anterior, dependendo da situação econômica. Essa mudança visa frear o ritmo de aumento de despesas obrigatórias, permitindo maior controle sobre o orçamento federal.

O governo defende que a nova política assegura um ganho real para os trabalhadores, ao mesmo tempo em que garante a sustentabilidade fiscal. Segundo o Ministério da Fazenda, a medida traz previsibilidade para o planejamento orçamentário e permite a continuidade da valorização do salário mínimo, sem comprometer outras despesas discricionárias.

A expectativa do Executivo é de economizar R$ 70 bilhões com as medidas nos próximos dois anos. A proposta ainda passará por discussões no Congresso, onde deve enfrentar debates, especialmente sobre os possíveis impactos sociais da limitação nos reajustes.

Compartilhe

Anterior
Lira chama de ‘inaceitável’ indiciamento de Cabo Gilberto por discurso na Câmara
Próximo
Operação da Polícia Federal mira empresa suspeita de fraudes em licitações no Cariri da Paraíba
Veja também