Sem categoria

O bem em Schindler e o mal em Netanyahu

CBN Paraíba

CBN Paraíba

CBN Paraíba

Foto/Reprodução.

Nesta segunda-feira, 27 de janeiro de 2025, fez 80 anos que o exército russo libertou os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. É uma data histórica para a humanidade, a ser lembrada todos os anos.

Infelizmente, é uma data que, no presente, remete tristemente ao genocídio que, desde outubro de 2023, o governo de Israel, sob Benjamin Netanyahu, comete em Gaza. Os números são menores, mas não as atrocidades de judeus contra palestinos.

Mas falemos de cinema. Falemos de A Lista de Schindler e de um convite que, certa vez, Steven Spielberg fez a professores e estudantes do mundo inteiro.

O cineasta sugeriu que eles procurassem a Fundação Shoa em busca de informações sobre o Holocausto. E que ajudassem a manter viva a memória do que aconteceu com os judeus durante a II Guerra.

Na época em que filmou Schindler, Spielberg patrocinou o registro de depoimentos das vítimas do Holocausto e de seus descendentes. Este material pertence à Shoa. O acesso às gravações e a sua difusão fazem parte da luta por um mundo melhor e mais tolerante.

A Lista de Schindler me traz a lembrança do dia em que fui apresentado ao filme. Da emoção que ele provocou. E da força extraordinária do seu desfecho.

Todas as vezes, o final – no salto da ficção para a realidade, do preto & branco para a cor – me enche os olhos de lágrimas. E sempre remete a um texto de Roger Ebert, o grande crítico de cinema americano.

Ele também se comovia com o desfecho do filme, com o instante da passagem do preto & branco para a cor: “Estes são os judeus de Schindler. Estamos olhando para os sobreviventes e seus filhos ao visitar o túmulo de Schindler”.

Ainda Ebert: “O filme começa com uma lista de judeus que estão sendo confinados num gueto. Termina com uma lista dos que conseguiram se salvar. A lista é um bem absoluto. A lista é vida. Tudo à sua volta é aterrorizador”.

O reencontro com o filme de Spielberg reforça a convicção de que devemos ter um compromisso permanente de rejeição ao nazismo e seus males. Se a lista – como afirmava Ebert – é um bem absoluto, o nazismo é a encarnação de um mal que estamos enxergando em tantas manifestações do mundo contemporâneo.

A Lista de Schindler me lembra a tarde em que levei ao Cine Municipal, com uma equipe de televisão ao lado, um judeu que esteve num campo de concentração e, depois da guerra, fez de João Pessoa o seu lar. Foi uma experiência comovente para mim e assustadora para ele, que reviu na tela o que tinha conhecido na vida real.

Vi A Lista de Schindler pela primeira vez numa sala lotada. A câmera na mão faz pensar que estamos diante de um documentário e não de um filme de ficção. O preto & branco também.

Spielberg lança mão da cor quando registra a realidade, no salto do passado para o presente. A sequência é curta. E emocionante. Provoca lágrimas. Mas, naquela sessão, provocou aplausos.

Se fosse num festival de cinema, seria normal. O público bate palmas após a exibição de um filme com diretor e elenco na plateia. Não era o caso.

As pessoas que enchiam o Municipal aplaudiram talvez porque intuissem que a lista era um bem absoluto. Ainda que estivessem tão longe daquela história e de quem a filmou. O filme de Spielberg também é um bem absoluto.

Compartilhe

Anterior
TRT promove nova audiência de instrução com motoristas para debater fim da greve em João Pessoa
Próximo
Concurso da Fundação PB Saúde convoca candidatos para prova de títulos
Veja também