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CGU aponta irregularidades em emenda de R$ 3 milhões para prefeitura de Zabelê

CBN Paraíba

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reprodução/CGU

Uma auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU) revelou uma série de irregularidades na aplicação de recursos de uma emenda parlamentar no valor de R$ 3 milhões, repassados à Prefeitura de Zabelê, no sertão paraibana, destinada à construção de um Parque Urbano e Pátio de Eventos. 

A investigação atende determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para que sejam auditados os Planos de Trabalho aprovados na plataforma Transferegov.br de recursos financeiros liberados entre os exercícios de 2020 a 2024 dentro do chamado “orçamento secreto”.

O Conversa Política apurou que a emenda foi destinada pela então deputada federal Edna Henriques em 2023.

Sem rastros do dinheiro

O principal problema apontado pela auditoria foi a ausência total de rastreabilidade na aplicação dos recursos porque o recurso foi depositado na conta do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) — que recebe recursos diversos —, o que impossibilita saber exatamente onde e como o dinheiro foi gasto.

A CGU também aponta que a Prefeitura não apresentou extratos bancários, notas fiscais ou qualquer outro tipo de documentação que comprovasse a destinação da verba. 

Obra sem projeto nem terreno

Além da falta de prestação de contas, a CGU identificou graves problemas no andamento do projeto. Apesar de o plano de trabalho ter sido aprovado pelo Ministério do Turismo em janeiro de 2025 — com prazo de execução até agosto de 2026 —, nenhuma obra foi iniciada.

A área onde o parque e o pátio seriam construídos ainda não foi desapropriada e não possui registro em cartório, o que pode atrasar ainda mais o cronograma.

Até o momento da auditoria, a prefeitura também não havia finalizado o projeto básico ou executivo da obra, o que reforça a possibilidade de descumprimento do prazo estipulado em lei para execução do objeto da emenda.

Prejuízo de quase R$ 400 mil 

Outro ponto crítico identificado foi a falha na gestão financeira dos recursos recebidos. Como o dinheiro ficou parado por meses sem ser aplicado no Fundo de Investimento em Cotas da Caixa, a CGU estima que a Prefeitura de Zabelê perdeu cerca de R$ 391 mil em rendimentos.

O entendimento da auditoria é que os valores poderiam ter sido revertidos em melhorias para o próprio projeto, mas foram negligenciados.

Transparência zero

A auditoria também verificou o Portal da Transparência da Prefeitura de Zabelê e constatou que não há informações claras, detalhadas ou acessíveis sobre a emenda ou o andamento do projeto. A ausência de dados públicos sobre o recebimento e a utilização da verba viola a Lei de Acesso à Informação e dificulta o controle social, que é essencial para a fiscalização do uso do dinheiro público.

CGU pode responsabilizar gestores

Diante das irregularidades encontradas, a CGU concluiu que o município não demonstrou uso legal e adequado dos recursos públicos. O relatório será encaminhado para instâncias competentes dentro da própria Controladoria, que poderá iniciar processos administrativos para apurar responsabilidades dos gestores.

Segundo a CGU, a Prefeitura de Zabelê não apresentou manifestação formal após o recebimento do relatório.

Ao Conversa Política, o procurador do Município, Josedeo Saraiva, informou que o município respondeu a todos os questionamentos feitos, cujo escapo de atuação restou delimitada por decisão do STF. “Com a reformulação do Plano de Trabalho, já aprovado, o município executar os procedimentos necessários à execução e conclusão da Obra, tal qual fora informado a CGU”, completou.

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