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Cícero, a nomeação de Janine e o risco de novos desgastes

CBN Paraíba

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Foto: arquivo pessoal.

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O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), nomeou a filha, Janine Lucena, secretária executiva de saúde. A publicação no Diário Oficial do município ocorreu em um dia estratégico: nesta sexta-feira de carnaval, dia em que, costumeiramente, o noticiário político não possui muita repercussão. 

A escolha da data indica o contexto. 

Janine esteve com o pai na gestão anterior no mesmo cargo e afastou-se por conta da campanha eleitoral, após ter sido alvo da Operação Mandare da PF e do Gaeco – que apura suposto aliciamento violento de eleitores e a nomeação de pessoas ligadas ao tráfico na prefeitura. 

Pessoas próximas ao prefeito relatam que a decisão pela nova nomeação foi maturada nos últimos meses.

O gestor foi aconselhado a não promover o retorno, mas o ‘instinto’ de pai e a ideia de que manter a filha na ‘geladeira’ poderia representar um carimbo de injustiça parecem ter sido mais fortes. A tese dos familiares é de que Janine é inocente, portanto, não haveria razão para não retornar à gestão.

Dessa forma, o retorno a protegeria de uma eventual ‘condenação antecipada’. Um entendimento, cá entre nós, difícil de ser compreendido racionalmente. E a discussão não é sobre o mérito da investigação, nem sobre presunção de inocência.

Longe disso. 

O fato é que o nome de Janine no Diário Oficial potencializa a exposição dela mesma e faz o prefeito ir para a linha de frente das críticas de seus opositores. E com a filha na gestão, fica difícil sustentar o discurso de ‘perseguição familiar‘, já que ela passa a ser uma figura pública remunerada pelos cofres municipais. 

O nível de parentesco, por si só, já é um ingrediente indesejado para ocupantes de cargos sensíveis como aqueles ligados à gestão da saúde pública. E no caso Janine ela acabou entrando na mira de uma investigação robusta feita pela PF e outros órgãos. 

Uma apuração que, muito provavelmente, poderá ter mais desdobramentos e, por consequência, atrair mais desgaste para o principal gabinete da gestão pessoense – o do próprio Cícero.

Com isso, conclui-se que na gestão anterior Cícero assumiu o risco. Agora ele dobrou a aposta.  

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