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Dia Internacional da Mulher: conheça cinco paraibanas que são destaques na educação

CBN Paraíba

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Dia Internacional da Mulher..

Foto: Freepik.

Milhares de mulheres paraibanas inspiram umas às outras todos os dias em suas casas, vizinhanças, trabalhos e diversos outros ambientes de convivência. E há uma área em especial em que elas não só se destacam, mas são verdadeiros sinônimos de força e perseverança.

Por isso, neste Dia Internacional da Mulher, o Jornal da Paraíba montou uma lista com essas mulheres, que protagonizam histórias que podem ser exemplo e incentivo para tantas outras.

‘Estudava em um turno e vivia do lixo no outro’ – Patrícia Rosas, professora da UFPB

A lista de paraibanas que se destacam na educação começa com a protagonista de uma história de força e perseverança. Patrícia Rosas passou a infância em um lixão, na cidade de Campina Grande, onde catava lixo para conseguir comprar comida. Aos 40 anos, no ano passado, foi empossada professora efetiva da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

No passar de horas e mais horas de trabalho, os dias cinzentos do lixão ganhavam cores com os restos de giz que Patrícia, ainda menina, conseguia para brincar de “escolinha” com as crianças que catavam lixo com ela. Dessa forma, ela ensaiava a missão que teria quando crescesse.

“Eu entrei na escola com sete anos. Estudava em um turno e vivia do lixo no outro. Nunca fui repetente. A escola pública pra mim é uma coisa que tem muito valor. Na escola pública era onde eu tinha merenda. Eu tinha proteção, estava afastada dos perigos. Onde eu aprendi”, declarou.

A rotina no lixão, segundo a educadora, nunca atrapalhou os estudos dela. Pelo contrário, ela sabia que eram as moedas que conseguia com o lixo que fariam com que ela pudesse comer à noite.

“Ser professora da universidade parecia um sonho muito distante. Eu acreditava que não ia romper essa barreira. É muito difícil o concurso. São pessoas altamente competentes”, revelou.

Mesmo sabendo que concorreria com muitos candidatos – quase 50 –, Patrícia contava com a confiança de quem nunca tinha parado de estudar. Depois da graduação, ainda vieram mestrado, doutorado e pós-doutorado.

“Quando você estuda muito, você começa a acreditar que aquilo é seu também, que a universidade também é o seu lugar. Eu achava um lugar muito distante pra mim. Faz uns dois anos que comecei a acreditar e comecei a me preparar. Nós podemos estar onde queremos estar”, concluiu.

Posse de Patrícia Rosas na UFPB. Foto: Vinícius Vieira/UFPB.

Acredito que a educação pode mudar o mundo – Tia Boneca

“A educação muda o mundo”. É nisso que acredita Adeilda da Silva, ou Tia Boneca, como é mais conhecida. Mesmo sem saber ler e escrever, ela abriu uma escolinha em uma comunidade de João Pessoa, onde atende quase 70 crianças com atividades educativas e culturais.

Natural de Campina Grande, foi em João Pessoa que ela decidiu cumprir uma promessa feita em 2017, quando descobriu um tumor no cérebro. Na época, decidiu que se fosse curada, ajudaria crianças da comunidade Tiago Neris, em Mangabeira, na capital paraibana. Mas, foi além: criou um projeto que beneficia toda a comunidade, com aulas de reforço, atividades culturais e aulas para jovens e adultos que não tiveram acesso à educação.

A Casa Escolinha da Dona Boneca começou a funcionar há quase 10 anos.

As crianças atendidas na escolinha têm entre 5 e 13 anos de idade. O espaço também aos mais velhos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Ela conta que ao longo da vida não teve a oportunidade de estudar, mas mesmo assim, não pensou duas vezes antes de abrir a escolinha. Agora, o desejo de Tia Boneca é realizar o grande sonho de ter acesso à educação também.

“Acredito que a educação pode mudar o mundo. Antes os adultos atendidos no EJA aqui na escolinha não sabiam escrever nem um ‘o’, e hoje já sabem muita coisa. É a coisa mais linda pra mim ver todos eles estudando, ver as crianças podendo brincar… É uma satisfação”, fala.

Foto: Igor Elias/Arquivo pessoal.

Quando eu entrei na escola pela primeira vez foi incrível – Josineide Barbosa, professora

As letras desenhadas com gravetos em qualquer pedaço de terra prometiam descortinar um futuro esperado e sonhado, mas ao mesmo tempo incerto para Josineide Barbosa da Silva. Proibida de ler e escrever pelo pai no começo da adolescência, a paraibana voltou a estudar aos 35 anos.

Hoje, depois de uma longa trajetória marcada por dificuldades, desafios e vitórias, como a aprovação em uma universidade federal, ela é psicopedagoga e não só aposta, mas ensina como a educação pode transformar vidas.

Os passos da estrada trilhada por Josineide começaram a ser dados um a um ainda em Bayeux, cidade que fica a pouco menos de 20 quilômetros da capital João Pessoa. A fome, a dificuldade financeira e a falta de emprego fizeram com que a família dela se despedisse da terra natal e mirasse o Rio de Janeiro como um refúgio, um terreno para plantar e colher oportunidades.

Além das estatísticas, ao mesmo tempo em que estava presa a um contexto que não parecia pertencer, a ansiedade para aprender a ler e escrever fez com que Josineide usasse os recursos que, embora talvez inimagináveis, estavam disponíveis e não custavam nada além de um pouco do tempo dela.

Depois de muita insistência, Josineide entrou na escola somente aos oito anos. Mesmo na infância, quando tudo deveria ser divertido, foi como aliviar um peso carregado diariamente sobre os ombros.

“Quando eu entrei na escola pela primeira vez foi incrível. Quando eu coloquei meu pé naquela sala, foi algo maravilhoso. Foi como se eu me despertasse pra vida e passasse a olhar pra mim, já que a minha vida inteira eu só cuidava dos outros. Eu cuidava da minha mãe, ajudei a criar meus irmãos”, reforçou enquanto lembrou de quando descobriu um mundo cheio de cor, que se tornou refúgio para os momentos difíceis.

Em casa, tudo mudava. Ficava cinza, sem espaço para a imaginação. Nem um conjunto de caderno e lápis podia ficar ao alcance da visão. A rotina doméstica exigia tarefas que ocupavam tanto tempo, que não podiam ser conciliadas com os estudos.

Na adolescência, por volta dos 13 anos, o pai a proibiu de frequentar a escola. Décadas depois, voltou à Paraíba e formou família. Incentivada pelos filhos, voltou para a sala de aula e se formou em Pedagogia na UFPB. Agora, ela inspira a família inteira. Um dos filhos, por exemplo, se tornou médico.

Foto: Josineide Barbosa/Arquivo pessoal.

‘Sempre fui apaixonada pelas estrelas’ – Ananda Figueiredo, estudante

Princeton, MIT, Catholic University Of America (Honors Program), Amherst College, University of Flórida, Flórida Institute of Technology. A paraibana Ananda Figueiredo, quando tinha apenas 17 anos de idade, foi aprovada em todas elas, com direito a bolsas de estudo, para cursar astrofísica.

A estudante é natural da capital paraibana, João Pessoa. Desde criança ela demonstrou ter aptidão com números e, no jardim da casa onde morava na Paraíba, observava o céu. Assim, viu nascer a paixão pelas estrelas.

“Sempre fui apaixonada pelas estrelas, e quando eu era menor meus pais me deram um livro ilustrado de astronomia. Lembro que devorei esse livro e tenho partes decoradas até hoje. Tive um privilégio grande de poder me dedicar às minhas paixões”, comentou.

O Jornal da Paraíba não conseguiu contato com Ananda para saber qual foi a escolha dela.

Bônus

Entra como bônus nesta lista a bióloga Silvana Santos. Ela é paulista, mas é professora da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). No fim do ano passado, ela entrou na relação das 100 mulheres mais inspiradoras e influentes ao redor do mundo, divulgada pela BBC.

Foi o fato de Silvana conhecer uma família com uma doença desconhecida na rua onde morava que deu origem à pesquisa que a fez identificar a síndrome de Spoan (acrônimo em inglês para “paraplegia espástica, atrofia óptica e neuropatia”). A doença é neurodegenerativa genética rara e causa paralisia progressiva.

Desde que começou a pesquisa, a paraibana ajuda moradores afetados pela doença a chegar ao diagnóstico.

Silvana Santos estuda a ocorrência de doenças genéticas raras e a relação delas com casamentos entre pessoas com parentesco.

Bióloga Silvana Santos.

Foto: BBC.

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