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A morte de Enzo Staiola traz a lembrança de outros garotos famosos do cinema. São muitos, mas vou mencionar uns poucos na coluna desta segunda-feira (09).
O primeiro que me ocorre é Jackie Coogan. Americano, nascido em 1914, ficou conhecido quando contracenou com Charles Chaplin em O Garoto (1921). Jackie Coogan tinha 69 anos quando morreu, em 1984.
A cena do menino estendendo as mãos para Carlitos, no momento em que é levado pelo Juizado de Menores, é uma das mais belas e dramáticas da era silenciosa do cinema.
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Outro nome inesquecível é o de Johnny Sheffield. Americano, nascido em 1931, ele foi Boy em vários filmes de Tarzan, mas somente três ao lado de Johnny Weissmuller como Tarzan e Maureen O’Sullivan como Jane.
A estreia de Johnny Sheffield como Boy foi em O Filho de Tarzan, em 1939. Depois vieram O Tesouro de Tarzan (1941) e Tarzan Contra o Mundo (1942). Johnny Sheffield morreu em 2010. Tinha 79 anos.
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Outro que está na minha memória afetiva é Brandon deWilde. Americano, nascido em 1942, ele foi o garoto Joey Starrett em Shane – Os Brutos Também Amam, clássico absoluto do western que George Stevens dirigiu em 1953.
Joey é o garoto que se encanta com Shane, o forasteiro vivido na tela por Alan Ladd. Brandon deWilde morreu num acidente de carro em 1972. Tinha apenas 30 anos.
“Shane, Shane!” – os gritos do pequeno Joey Starrett no desfecho de Os Brutos Também Amam ecoam até hoje nos ouvidos dos cultores do gênero western.
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Enzo Staiola morreu no dia 04 de maio de 2025, quarta-feira da semana passada. Nascido em Roma, em 1939, estava com 85 anos e não filmava desde 1977.
Enzo Staiola se projetou mundialmente em 1948 quando fez Bruno Ricci, o garoto de Ladrões de Bicicleta, clássico do Neorrealismo dirigido por Vittorio De Sica.
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Ladrões de Bicicleta, filmado na Itália devastada pela guerra, é um dos maiores filmes do mundo. Quem ama de verdade o cinema, não pode deixar de vê-lo.
O personagem principal é Antonio Ricci, interpretado por Lamberto Maggiorani. Antonio, o pai de Bruno, tem sua bicicleta roubada. Ele depende dela para trabalhar.
O filme segue Antonio em sua luta para recuperar a bicicleta, e o desfecho – a vergonha a que o menino é submetido – é uma das imagens mais comoventes do cinema.
Reza a lenda que, para fazer o pequeno Enzo Staiola chorar em cena, Vittorio De Sica botou cigarros no bolso do menino e o acusou de estar fumando.
Se, em 1948, essa história entrou para a antologia das histórias pitorescas do cinema, hoje, certamente, Vittorio De Sica teria que responder pelo bullying que cometeu.
Os cinéfilos do mundo amam Ladrões de Bicicleta e veem no garoto Enzo Staiola um dos rostos mais fortemente marcantes do primeiro século do cinema.