Foto/Reprodução.
Nesta quinta-feira, oito de agosto de 2024, faz 55 anos que os Beatles foram fotografados cruzando Abbey Road. O escocês Iain MacMillan é o autor da foto.
Mark Lewisohn, um especialista em Beatles, lançou um livro chamado The Complete Beatles Chronicle. É um diário que começa no dia nove de junho de 1957, quando John Lennon tinha um grupo chamado Quarry Men, e termina no dia dez de abril de 1970, quando Paul McCartney anunciou oficialmente a separação dos Beatles.
O diário de Lewisohn registra assim o que ocorreu no dia oito de agosto de 1969, uma sexta-feira do verão londrino:
“At 11.35, with photographer Iain MacMillan balanced up a step-ladder in the middle of Abbey Road, John, Ringo, Paul and George strode across the zebra (pedestrian) crossing just inside the studio gates while MacMillan snapped away”.
O ensaio durou somente dez minutos. A rua foi fechada. O fotógrafo subiu numa escada para fazer as fotos. Seis fotos foram feitas. Paul McCartney escolheu aquela que se transformaria na capa do Abbey Road, o LP que os Beatles lançariam no dia 26 de setembro daquele ano.
Em 1967, a capa do Sgt. Pepper – com os Beatles fotografados à frente de uma montagem com dezenas de personalidades – foi minuciosamente planejada. Em 1968, a despeito do seu minimalismo, a capa do White Album também foi fruto de um grande planejamento.
Com o Abbey Road, foi tudo mais simples. Os caras interromperam as gravações, foram na frente do estúdio da EMI e tiraram algumas fotos cruzando a faixa de pedestres. O nome do disco? Abbey Road. Apenas o nome da rua do estúdio da EMI.
Abbey Road foi o último álbum gravado pelos Beatles. Sua capa, envolvida depois numa lenda sobre a “morte” de Paul McCartney, é uma das mais icônicas da história da indústria fonográfica.
Abbey Road, o disco, começa com Come Together, que trazia o rocker visceral que havia em John Lennon. O mesmo John que, na outra ponta, e com a ajuda de Yoko Ono, nos presenteava com a imensa beleza de Because.
Something é George Harrison. Clássico instantâneo. Uma das mais belas canções dos Beatles. Foi escrita sob a inspiração de Ray Charles.
Oh! Darling era um legítimo Paul McCartney, grande baladeiro, numa performance vocal sem igual.
O lado A tinha faixas soltas. Seis. Duas de Lennon. Duas de McCartney. Uma de Harrison. Uma de Ringo. Dizem que foi concebido por John.
O lado B tinha um monte de faixas. Algumas bem curtas. Um medley interminável. Ou – se quisermos – mais de um. Foi ideia de Paul.
McCartney, o melhor melodista do grupo, estava completo em You Never Give Me Your Money. Mais ainda em Golden Slumbers, tão breve e tão devastadora.
No final do disco, há o solo de Ringo e as guitarras de John, Paul e George, todas solando. Até hoje, é como Paul fecha seus shows. E há o epitáfio: no fim, o amor que você recebe é igual ao amor que você dá. O Abbey Road é um dos discos mais amados do mundo.
Tombada pelo patrimônio do Reino Unido, a faixa de pedestres que os Beatles cruzaram há 55 anos se transformou numa atração turística para os que visitam Londres. Como os quatro músicos, os visitantes também cruzam a faixa e assim são fotografados.
Uma webcam que funciona dia e noite registra o movimento dos turistas e a alegria deles quando fazem a travessia. É o legado dos Beatles cruzando o tempo.