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Neste sábado, 24 de agosto de 2024, faz 70 anos do suicídio de Getúlio Vargas. Ele é o mais importante entre todos os presidentes brasileiros.
Nascido em São Borja, no Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas governou o Brasil de 1930 a 1945 e, depois, de 1951 a 1954. Ninguém ficou tanto tempo no poder.
Ele comandou a Revolução de 1930 e fez um governo provisório até 1934, quando foi eleito por uma Assembleia Nacional Constituinte.
Em 1937, deu um golpe e, como ditador, ficou no poder até ser derrubado, em 1945. Esse período é conhecido como Estado Novo.
Getúlio voltou em 1950, eleito pelo povo. Tomou posse em 1951 e só morto saiu do Palácio do Catete. Seu suicídio adiou por 10 anos o golpe que os militares queriam dar.
Quando se quer falar mal de Getúlio, o mais frequente é invocar as violências praticadas durante o Estado Novo. Afinal, era uma ditadura com todos os males das ditaduras.
Mas é importante não perder de vista que os críticos de Getúlio acabam incorrendo no erro de minimizar o que havia de pior na República Velha, como se não fosse imprescindível superar essa etapa da nossa vida republicana.
A Era Vargas é um período de notáveis avanços e grandes conquistas. Não custa reconhecer que o Brasil depois de 30 é muito melhor do que o Brasil antes de 30.
A Getúlio, devemos a Companhia Siderúrgica Nacional, a Companhia Vale do Rio Doce, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, a Petrobrás e as bases da Eletrobrás. Também o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e o Banco do Nordeste.
Foi com Getúlio que as mulheres conquistaram o direito ao voto. A CLT, legislação que disciplina as relações entre empregadores e empregados, também devemos a ele. Bem como as regras da realização de concursos para a admissão de funcionários públicos.
Governado por Getúlio Vargas, o Brasil que era um país rural foi preparado para ser, finalmente, o Brasil industrializado dos anos JK.
O “mar de lama” do ocaso de Getúlio é uma imagem cuja origem está associada ao ultradireitista Carlos Lacerda, o principal e mais contundente adversário de Vargas.
Algumas das muitas arbitrariedades da Era Vargas estão em Memórias do Cárcere, livro póstumo do escritor alagoano Graciliano Ramos.
Durante a II Guerra, houve o erro do alinhamento do governo brasileiro à política do Eixo e, mais tarde, o acerto do apoio aos aliados que derrotaram o nazifascismo.
Getúlio por inteiro, para o bem e para o mal, está nos três volumes da densa biografia do político publicada pelo jornalista e escritor cearense Lira Neto.
Num samba enredo dos anos 1950, ainda com a lembrança recente do suicídio de Vargas, a Mangueira chamou Getúlio de “o grande presidente de valor”.
Muitos anos depois, em Dr. Getúlio, Chico Buarque cantou: “Abram alas que Gegê vai passar/Olha a evolução da história/Abram alas pra Gegê desfilar/Na memória popular”.
Faz 70 anos daquele 24 de agosto em que Getúlio se matou com um tiro no peito em seu quarto no Palácio do Catete. A Era Vargas é parte fundamental da travessia do Brasil.