IA responde sobre Luciano Cartaxo (PT) e Cícero Lucena (Podemos). Ruy Carneiro e Marcelo Queiroga são vedados por plataforma do Google..
Lara Brito
Em agosto deste ano, o Google anunciou que o Gemini, recurso de Inteligência artificial generativa da empresa, não iria responder nada sobre as eleições municipais deste ano ano no Brasil. A restrição também foi adotada nas eleições dos Estados Unidos, visando evitar possíveis interferências e influências na opinião pública.
No entanto, testes realizados pelo JORNAL DA PARAÍBA revelam que essa limitação não está sendo cumprida de maneira consistente, pelo menos não ao que se refere às eleições de João Pessoa.
Inteligência artificial nas eleições: entenda regras
Durante a análise, foram solicitados perfis dos principais candidatos à prefeitura da capital paraibana: Cícero Lucena (PP), Luciano Cartaxo (PT), Marcelo Queiroga (PL) e Ruy Carneiro (Podemos). Enquanto a ferramenta se recusou a fornecer informações detalhadas sobre Queiroga e Carneiro, respeitando o filtro que a empresa garantiu, ela traçou perfis completos e detalhados de Lucena e Cartaxo.
O Gemini também utiliza adjetivos para descrever os candidatos, sugere novos tópicos a serem discutidos no chat e direciona o usuário para links que compravam as informações e detalham a atuação deles, contradizendo a promessa da empresa de bloquear esse tipo de resposta.
IA faz perfis e enquadramento positivos de Cícero e Cartaxo
Ao ser questionada sobre quem é Cícero Lucena, a IA forneceu um perfil detalhado do atual prefeito de João Pessoa, incluindo informações sobre sua trajetória política, com destaque para seus três mandatos como prefeito, além de sua passagem pelo Senado Federal e governo da Paraíba. Também foram citados os laços familiares do prefeito
Após a exposição sobre o candidato, a IA faz um resumo relativamente positivo sobre o candidato.
Gemini, IA do Google, faz um enquadramento positivo de Cícero Lucena e se oferece, inclusive, para dar mais informações sobre o candidato — apesar da empresa afirmar anteriormente que a plataforma não faria isso..
Lara Brito
Da mesma forma, ao ser questionada sobre quem é Luciano Cartaxo, ex-prefeito de João Pessoa por dois mandatos consecutivos, a ferramenta ofereceu um resumo completo de sua carreira política, incluindo sua atual atuação como vice-governador, deputado estadual e vereador. O Gemini também traz informações pessoais, como formação, esposa e filhos.
Depois da explanação, a IA também faz um enquadramento positivo do candidato.
Gemini, IA do Google, faz um enquadramento positivo de Luciano Cartaxo..
Lara Brito
Marcelo Queiroga e Ruy Carneiro: ausência de informações
Em contraste, ao serem feitas perguntas sobre os candidatos Marcelo Queiroga, ex-ministro da Saúde, e Ruy Carneiro, atualmente deputado federal, o Gemini bloqueou as respostas.
Em ambos os casos, a IA respondeu com uma mensagem padrão, alegando que não poderia fornecer informações sobre esses candidatos devido a limitações impostas para evitar influências eleitorais. Usando o filtro prometido pelo Google.
Essa é a mensagem que aparece quando a IA (inteligência artificial) é questionada sobre quem é Marcelo Queiroga e Ruy Carneiro..
Lara Brito
Por que o Gemini forneceu perfis detalhados de alguns candidatos, mas bloqueou informações sobre outros?
Fizemos essas exata pergunta no chatbot do Google. A resposta da ferramenta foi que a decisão de responder ou não a um candidato depende de diversos fatores, como a relevância e qualidade da pergunta, além da disponibilidade de informações e limitações técnicas.
A IA também destacou que, como não é um ser humano, suas respostas são baseadas em algoritmos e na informação disponível em sua base de dados.
Portanto, a IA pode não estar plenamente ajustada para distinguir uniformemente entre figuras políticas. Cícero e Luciano podem ter perfis amplamente documentados e padronizados em fontes de dados acessíveis ao Gemini, enquanto Queiroga e Ruy Carneiro podem estar com informações fragmentadas ou classificadas como sensíveis pelo algoritmo.
O que diz o Google?
A falha do Google em limitar o alcance político de sua IA levanta dúvidas sobre a confiabilidade da ferramenta em cenários sensíveis como o período eleitoral, além de gerar preocupações sobre o possível impacto na equidade das eleições.
A empresa foi procurada para comentar a falha, mas informou que não iria comentar o problema destacado pela reportagem.