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Incrível, fantástico, extraordinário

CBN Paraíba

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Foto/Reprodução/Canal Curta.

“Minha palestra pode se chamar Incrível, fantástico, extraordinário – usando a referência ao antigo programa de rádio de Almirante para tentar situar algumas direções em que se expande a literatura fantástica”. 

Foi assim que Bráulio Tavares definiu o que ele vai fazer nesta quinta-feira, 17 de outubro, na UFPB. Às três da tarde, Bráulio participa do I Congresso Nacional de Literatura Fantástica. A palestra dele será no auditório 412 do CCHLA, campus de João Pessoa.

Bráulio Tavares, 74 anos, nascido em Campina Grande. Esse cara entrou no meu radar no começo da década de 1970. Ele tinha uma coluna de crítica de cinema no Diário da Borborema, o jornal dos Associados, e eu, adolescente, era seu leitor.

Bráulio era uma grande crítico de cinema com vinte e pouquíssimos anos. Comentava, com simplicidade, mas muito conteúdo, os filmes que eram exibidos no Capitólio e no Babilônia, os inesquecíveis cinemas de Campina Grande. 

Conheci Bráulio um pouco depois. Tinha longos cabelos negros e usava uns óculos miúdos parecidos com os de John Lennon. Além de crítico de cinema, era compositor de música popular. Sozinho no palco, voz e violão, meio Bob Dylan.

Bráulio magnetizava a plateia com suas letras incrivelmente bem feitas, singulares e inteligentes em canções que sobrepunham o verso à melodia.

Balada do Andarilho Ramon, com sua letra interminável, ficou na memória de quem pôde ouvi-la naquele tempo. Era puro Dylan. 

Em 2020, quando Bráulio fez 70 anos, escrevi o seguinte sobre ele: “Tem gente que é multifacetada e não consegue produzir bem em nenhuma das áreas pelas quais transita. Bráulio Tavares é o inverso. É multifacetado e, tudo o que faz, faz muitíssimo bem”.

E prossegui: “Tem erudição, é um homem brilhante. Faz crítica de cinema, música popular, texto literário em prosa e verso, faz cordel, é tradutor, sabe tudo de ficção-científica, escreve para televisão e teatro. O que é mesmo que ele não sabe fazer?”.

Ariano Suassuna, com seu reacionarismo estético, jamais admitiria Bob Dylan, o roqueiro dos anos 1960 que, na velhice, acabou levando o Nobel de Literatura. Pois bem, Bráulio vai de Ariano Suassuna a Bob Dylan. Tem os pés aqui e tem os pés no mundo. 

No final da década de 1980, a leitura da ficção-científica de A Espinha Dorsal da Memória me deixou siderado. Tomado por um justíssimo orgulho geracional, quem fez a indicação foi Rômulo Azevedo, meu velho parceiro no jornalismo de televisão.

No início dos anos 2000, voltei a lê-lo em jornal impresso. Na expansão do Jornal da Paraíba, Bráulio foi convidado a escrever uma coluna diária e o fez milhares de vezes até 2016, quando o jornal deixou de circular em edição impressa. 

40 anos depois, os textos de Bráulio Tavares no Jornal da Paraíba me devolveram a alegria que senti quando fui seu leitor no Diário da Borborema. Dariam vários livros temáticos. São aulas de conhecimento e impecável exercício jornalístico. A coluna segue no seu blog Mundo Fantasmo

Nesta quinta-feira, vou dar um abraço em Bráulio e ver a palestra que ele está chamando de Incrível, fantástico, extraordinário. Essas três palavras cabem muito bem nele. 

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