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Nesta terça-feira, 29 de abril de 2025, faz 45 anos que Alfred Hitchcock morreu. Naquele 29 de abril de 1980, o cineasta, aos 80 anos, sabia que não tinha mais saúde para filmar e já fechara seu escritório.
Nascido em Londres no dia 13 de agosto de 1899, Sir Alfred Hitchcock ficou conhecido como o mestre do suspense, carimbo verdadeiro, mas aquém da sua dimensão.
É comum confundir suspense com mistério. Nos filmes de Alfred Hitchcock, o suspense não é necessariamente obtido através de um segredo que se revela no final da trama.
O público pode saber desde o início quem é o assassino e sofrer pelos que não sabem. É este sofrimento que lhe tira o fôlego.
Classificado por François Truffaut como cineasta da angústia e do medo, Hitchcock tinha uma obsessão: contar histórias de homens acusados por crimes que não cometeram.
Católico de rígida formação moral, ele penetra no tema da culpa com uma profundidade que poucos cineastas alcançaram, a despeito dos que pensam que seu cinema é apenas o exercício formal levado às últimas consequências.
Uma lembrança inevitável, quando o assunto é Alfred Hitchcock, são as suas breves aparições. No início da carreira, na Inglaterra, ainda na época do cinema mudo, os estúdios tinham poucos recursos, e ele entrava em cena somente para aumentar o número de figurantes.
Depois, já na América, a sua presença passou a ser um charme, uma assinatura utilizada até o último filme que realizou. De tal modo que o público esperava ansiosamente pelo momento de vê-lo na tela, nem que fosse – e sempre era – por alguns segundos.
Para não desviar a atenção do espectador, Hitchcock tinha uma estratégia: costumava aparecer antes que a trama se desenvolvesse muito.
Considero Um Corpo que Cai (Vertigo) sua obra-prima, embora alguns deem preferência a Janela Indiscreta.
Há alguns anos, Um Corpo que Cai foi elevado à condição de melhor filme de todos os tempos, tomando o lugar que era ocupado por Cidadão Kane, de Orson Welles.
Pacto Sinistro, Intriga Internacional, Psicose, Os Pássaros – todos são mencionados entre os melhores de Hitchcock.
Por sua absoluta originalidade, gosto de citar também Festim Diabólico, concebido para dar a sensação de que tem um longo e único plano-sequência, ousadia que ainda impressiona os cinéfilos. O cineasta tinha uma predileção pelo pouco lembrado A Sombra de uma Dúvida.
Rever Hitchcock é sempre uma alegria para os que amam o cinema. Debruçados sobre sua filmografia, vamos encontrar sequências extraordinárias (como a cena do chuveiro de Psicose), atores e atrizes inesquecíveis (James Stewart entre os mais marcantes), grandes colaboradores (o maestro Bernard Herrmann no topo da lista).
Mas seremos brindados, sobretudo, com a arte de um mestre. Não importa o que disseram seus críticos. Não interessa mais que muitos tenham defendido a tese de que, nele, os interesses comerciais se sobrepunham aos méritos artísticos.
O tempo, felizmente, já confirmou que Alfred Hitchcock é mesmo um dos maiores cineastas do mundo.
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Detratado pela crítica americana, recuperado por jovens críticos franceses (François Truffaut à frente), Alfred Hitchcock dirigiu 53 filmes em cinco décadas de carreira. De O Jardim dos Prazeres (1925) a Trama Macabra (1976).
Em ordem cronológica, listo 15 dos seus grandes filmes e, em seguida, cito sete obras-primas:
O Homem que Sabia Demais (UK)
Os 39 Degraus
Rebecca
Sabotador
Um Barco e Nove Destinos
Quando Fala o Coração
Interlúdio
Festim Diabólico
A Tortura do Silênio
Disque M Para Matar
Ladrão de Casaca
O Homem que Sabia Demais (USA)
O Homem Errado
Cortina Rasgada
Frenesi
As obras-primas, também em ordem cronológica:
A SOMBRA DE UMA DÚVIDA
PACTO SINISTRO
JANELA INDISCRETA
UM CORPO QUE CAI (foto)
INTRIGA INTERNACIONAL
PSICOSE
OS PÁSSAROS