Imagem ilustrativa. Foto: Secom-JP
A Paraíba registrou um salto de 60% nos acidentes de trabalho graves em dois anos e também viu dobrar o número de afastamentos por transtornos mentais entre trabalhadores, segundo levantamento do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, do Ministério Público do Trabalho (MPT) com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Em 2024, foram notificadas 6.490 ocorrências graves no estado — o que equivale a 18 pessoas feridas por dia — e mais de 4,8 mil afastamentos ligados à saúde mental.
Os números são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan/MS) e revelam que, em 2022, o estado havia registrado 4.066 acidentes de trabalho graves. Dois anos depois, esse número cresceu para 6.490.
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João Pessoa e Campina Grande estão no topo das ocorrências, com 2.334 e 1.633 notificações, respectivamente.
Para o procurador do Trabalho Raulino Maracajá, os dados são apenas parte da realidade. ” Esses são dados oficiais somente de trabalhadores com carteira assinada. Temos que observar que muitos trabalhadores informais não entram nessas estatísticas. Os dados ainda são subnotificados”, explicou.
Afastamentos por saúde mental dobram na Paraíba
O número de afastamentos por transtornos mentais também cresceu na Paraíba, além dos casos de acidentes físicos.
De acordo com o mesmo observatório, entre 2022 e 2024, houve um aumento de 109% nos afastamentos relacionados à saúde mental.
Os dados são do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em 2022, foram concedidos 2.304 benefícios por esse tipo de adoecimento. Em 2024, o total chegou a 4.820.
Os principais motivos de afastamento são:
Ansiedade: 36,4% Episódios depressivos: 26,3%Depressão recorrente: 9,56%Reações ao estresse: 38,4%
Para o procurador Marcos Antonio Ferreira Almeida, coordenador regional da Codemat/MPT, o cenário exige atenção.
“Não há como falar de saúde e segurança do trabalho se a gente não tiver um olhar atento aos riscos psicossociais relacionados ao trabalho. […] Muitos trabalhadores adoecem por causa da cobrança de metas abusivas e de uma sistemática hostil a um trabalho verdadeiramente hígido”, reforçou.