Grupo de pesquisadores da UFPB que desenvolveu estudo que identificou potencial terapêutico do óleo de canabidiol no tratamento da hipertensão..
UFPB/Divulgação
Um estudo de pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba identificou um potencial uso terapêutico do canabidiol (CBD) no tratamento da hipertensão. A pesquisa foi publicada na revista Journal of Hypertension e realizada por pesquisadores do Centro de Biotecnologias da UFPB, em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace).
A professora Josiane Cruz, que coordenou o estudo, explicou que o canabidiol é um dos muitos canabinóides encontrados na planta Cannabis sativa, a maconha. Os pesquisadores utilizaram um óleo rico em canabidiol, obtido em parceria com a Abrace Esperança, uma associação sem fins lucrativos que produz e comercializa o produto em João Pessoa.
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A professora explicou ao Jornal da Paraíba que os experimentos começaram em 2020, durante a pandemia, e que a equipe foi desenvolvendo os estudos aos poucos por causa das restrições ao laboratório na época.
O teste foi conduzido em etapas: primeiro, a equipe confirmou a hipertensão nos ratos, registrando a pressão arterial. Em seguida, iniciaram o tratamento com óleo rico em canabidiol. Foram feitos grupos de controle, com uma parte dos animais recebendo óleo sem extrato de CBD e outro grupo recebendo o óleo com o ativo. O tratamento foi realizado por 14 dias.
Óleo de canabidiol utilizado no estudo de pesquisadores da UFPB..
UFPB/Divulgação
Os pesquisadores identificaram que o canabidiol reduziu significativamente a pressão arterial e também melhorou a função dos vasos sanguíneos, além de diminuir o estresse oxidativo nas artérias, apontado como um dos principais fatores associados ao desenvolvimento e à progressão da hipertensão.
O tratamento com óleo rico em CBD também melhorou a resposta ao barorreflexo, um mecanismo fisiológico importante para a regulação da pressão arterial, e reduziu a atividade do sistema nervoso simpático, que frequentemente está exacerbada em casos de hipertensão.
“A gente sabe que na hipertensão há um aumento das espécies oxidativas e também de processos inflamatórios que podem danificar vasos, o tecido endotelial do vaso, pode danificar neurônios que estão envolvidos com o controle da pressão arterial, e tudo isso levar então a hipertensão. Foi mais ou menos o que a gente observou, que o tratamento com CBD reduz pressão arterial e o que a gente analisou foi que também reduz as espécies reativas de oxigênio, ou seja, tem também um efeito antioxidante que pode estar contribuindo para a redução da pressão arterial”, explica Josiane Cruz.
Josiane Cruz também explica que há estudos prévios que mostram que o CBD tem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. De acordo com a professora, os próximos passos da pesquisa são entender o efeito anti-inflamatório do CBD e quais mecanismos levam à redução da pressão arterial. Na sequência, farão estudos para analisar se o CBD reduz a produção de citocinas pró-inflamatórias.
Ainda segundo a coordenadora do estudo, o grupo também se prepara para iniciar estudos clínicos com humanos em 2025, também em parceria com a Abrace.