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Se você não sabe o que é jazz, não adianta, nunca vai saber

CBN Paraíba

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Foto/Reprodução.

Eric Hobsbawm foi um dos maiores historiadores do século XX. Judeu, marxista, ele nasceu em 1917 e morreu em 2012. Dedicou-se a escrever sobre a história, mas era apaixonado também por música. O jazz, em particular. 

Essa paixão levou Eric Hobsbawm a escrever o livro História Social do Jazz (Paz & Terra), que acaba de ganhar uma nova edição revista e ampliada no Brasil. Nessa edição, foi inserida uma série de artigos do historiador sobre o jazz e suas grandes estrelas. 

Se você não sabe o que é jazz, não adianta, nunca vai saber. Mais ou menos assim, a frase é atribuída a Louis Armstrong, mas é difícil dizer se ele estava certo. É possível que o livro de Eric Hobsbawm venha provar justamente o contrário.  

História Social do Jazz é um livro imprescindível para os que querem entender a mais rica manifestação da música popular do século XX. Ouvir o jazz depois da leitura desse livro de Eric Hobsbawn é outra coisa.

As audições ganham uma nova dimensão, a despeito da inveja que sentimos por não termos visto, como ele, os grandes nomes do jazz ao vivo, no palco, improvisando. E aí é preciso concordar com quem defende a tese de que jazz é mesmo para ver ao vivo.

Quando publicou o livro pela primeira vez, no início da década de 1960, Hobsbawm usou um pseudônimo: Francis Newton. A ideia – diz ele – era manter as suas obras como historiador separadas da sua produção enquanto jornalista.

Mais tarde, mudou de ideia. Na edição de 1989, é seu nome que aparece na capa, embora o pseudônimo tenha sido conservado em letras menores.

História Social do Jazz é do tempo em que se podia “ouvir ao vivo Bechet e Basie, Ella Fitzgerald ou a uma das últimas apresentações de Billie Holiday”. O livro traz a lembrança dos dias em que Louis Armstrong e Duke Ellington ainda viviam.

O livro não é apenas sobre o jazz como um fenômeno em si mesmo, “hobby e paixão de uma grande legião de entusiastas, mas também sobre o jazz como parte da vida moderna. Se é comovente, é porque homens e mulheres são comoventes: você e eu. Se é um pouco louco e descontrolado, é porque a sociedade em que vivemos também é assim”.

Para Hobsbawm, não é objetivo do jazz produzir obras que sejam classificadas sob um rótulo especial de excelência crítica. “Apenas fruir da música e fazer com que outros também fruam enquanto ela é executada” – está escrito por Eric Hobsbawm no capítulo que trata do tema da realização musical.

Os negros americanos criaram o jazz a partir do contato deles com os instrumentos europeus. Desenvolveram um excepcional senso de improvisação e fizeram da sua criação o ponto alto da música popular que ouvimos no século XX. Ponto alto também da arte que os Estados Unidos produziram.

O jazz revelou verdadeiros gênios da invenção musical e serviu de afirmação para quem estava fadado a viver à margem na América que separava (e ainda separa!) os homens pela cor da pele.

A fascinante trajetória do jazz não se atém somente aos aspectos da manifestação musical. É esta a investigação que Eric Hobsbawm faz. Sem que abra mão do amor pelo objeto do seu estudo.

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