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Sergio Mendes era um gigante, mas foi muito criticado no Brasil

CBN Paraíba

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Foto/Divulgação.

Sergio Mendes morreu aos 83 anos em Los Angeles. Ele era um gigante da música popular brasileira, mas nunca foi uma unanimidade no Brasil. Por aqui, Mendes sempre foi muito criticado pelos que não gostavam do seu sucesso.  

Quando a Bossa Nova aportou em Nova York, naquele concerto histórico no Carnegie Hall, em 1962, Sergio Mendes estava entre os artistas que ali se apresentaram. 

Dois anos depois, em 1964, lançou, ainda morando no Brasil, um disco fundamental: Você Ainda Não Ouviu Nada! O álbum trazia Mendes e o sexteto Bossa Rio tocando Tom Jobim e Moacir Santos. Era música instrumental – samba jazz – de altíssima qualidade.

Foi como começou quando se fixou nos Estados Unidos. O Sergio Mendes de The Swinger From Rio, de 1965, dialogava mais com o jazz do que com a música ultracomercial à qual iria aderir pouco tempo depois. 

A virada na carreira de Sergio Mendes se deu em 1966. O pianista nascido em Niterói em fevereiro de 1941, foi (re) apresentado ao mercado fonográfico americano à frente de um grupo que se chamou Sergio Mendes & Brasil’ 66.    

O título do álbum de estreia era Herb Alpert Presents Sergio Mendes & Brasil’ 66. Alpert, o padrinho, era um músico de grande sucesso nos Estados Unidos e no resto do mundo com o grupo Tijuana Brass. 

O disco tinha do Tom Jobim de Água de Beber aos Beatles de Day Tripper. Mas a grande sacada de Sergio Mendes estava na versão que fez de Mas que Nada, que Jorge Ben lançara três anos antes no Brasil no álbum Samba Esquema Novo.

Mas Que Nada se transformou num sucesso em escala planetária e assim permanece, quase seis décadas depois da estreia do Brasil’ 66. 

Depois vieram Equinox, Look Around, Foll On The Hill. Comandando o Brasil’ 66, Sergio Mendes oferecia uma espécie de versão ultracomercial da Bossa Nova. Misturava música brasileira (sobretudo samba) com jazz e música pop.

A fórmula era muito criticada pelos ouvintes “puristas”, principalmente no Brasil, mas não custa reconhecer que Sergio Mendes não abrira mão da qualidade. 

É uma grande bobagem dizer que Sergio Mendes americanizou a música brasileira. Isso fica para os ouvintes pequenos. O que Mendes fez, com seu extraordinário talento, foi popularizar a música brasileira nos Estados Unidos e no mundo.   

Só com muita má vontade o ouvinte não identificará a imensa brasilidade que há no balanço e na alegria de Sergio Mendes & Brasil’ 66.

Foi Sergio Mendes que deu a mão a Edu Lobo quando este tentou carreira nos Estados Unidos no final dos anos 1960. Sergio Mendes Presents Lobo é o nome do álbum que reúniu os dois músicos brasileiros e mostrou Edu ao mercado americano.

Também foi Sergio Mendes que produziu o álbum Nightingale, de 1979. O disco apresentou Gilberto Gil ao público dos Estados Unidos. 

Com carreira longa e discografia extensa, Sergio Mendes nem sempre manteve o sucesso que alcançou no tempo do Brasil 66. Mas nunca saiu de cena. Em 1993, ganhou o Grammy com o álbum Brasileiro, onde ele e Carlinhos Brown fazem o hit Magalenha

Em 2006, recriou Mas Que Nada no álbum Timeless. A música de Jorge Ben reencontrou o sucesso dialogando com o hip hop do grupo Black Eyed Peas. 

Seu último grande êxito foi a trilha da animação Rio, de 2011. Na música produzida para o filme, Sergio Mendes teve como parceiros Carlinhos Brown, Ivete Sangalo e Bebel Gilberto, além de Gracinha Leporace, sua companheira de vida na música e no amor. 

Tom Jobim foi o maior compositor popular brasileiro. Reconhecido nos Estados Unidos, é colocado ao lado dos grandes de lá, como Cole Porter e George Gershwin. 

Sergio Mendes foi o músico brasileiro de maior sucesso comercial nos Estados Unidos. Diferente de Tom, mas também extremamente importante.

Em sua última década, Tom Jobim colocou cinco mulheres cantando no seu grupo. Os vocais da Banda Nova de Tom Jobim lembravam os vocais do Brasil’ 66 de Sergio Mendes. O primeiro admirava e reconhecia as escolhas do segundo.        

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